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Entre perguntas e respostas, um novo olhar sobre o bullying surge nas escolas do Oeste catarinense. É assim, de forma lúdica e educativa, que o projeto "Quiz Antibullying", desenvolvido pela Promotoria de Justiça da Comarca de Pinhalzinho, tem impactado a vida de alunos e professores. Mais do que ensinar conceitos, a iniciativa, que é finalista do Prêmio José Daura, do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), convida crianças e adolescentes a refletirem sobre suas atitudes e sobre o papel que podem desempenhar para transformar o ambiente escolar em um espaço mais acolhedor.   

A ação, liderada pela Promotora de Justiça Raquel Marramon da Silveira, propõe um enfrentamento direto ao bullying, combatendo seus efeitos nocivos, como evasão escolar, problemas de saúde mental e até casos de violência. O jogo de perguntas e respostas, que neste ano envolveu 190 estudantes em duas instituições - o Centro de Educação Objetivo, em Pinhalzinho, e a Escola de Educação Básica Rudolfo Luzina, em Nova Erechim -, é uma maneira dinâmica de abordar o tema e engajar os jovens.  

"O objetivo do projeto foi criar uma metodologia ativa que tratasse com crianças e adolescentes a respeito do tema. Através dessa ação, também se buscou alcançar os fenômenos da evasão escolar, da violência na escola e da saúde mental infantojuvenil, que são temas diretamente relacionados ao assunto. Como resultados, logo na aplicação do projeto das dinâmicas nas escolas, obtivemos relatos das crianças e dos adolescentes a respeito de temas de que eles ainda não tinham conhecimento ou sobre os quais puderam refletir naquele dia", explica a Promotora de Justiça. 

PostDurante a atividade, os estudantes, que têm entre 10 e 16 anos de idade, são divididos em grupos e devem responder a diferentes questões sobre o tema. Para estimular a participação, o grupo que responder de forma mais completa e destacar palavras-chave importantes ganha uma premiação simbólica ao final.   

O impacto foi evidente nas escolas participantes. A Diretora do Centro de Educação Objetivo, Doris Faccina Mior, observou uma mudança significativa na compreensão dos alunos: "A partir disso, a gente notou que muita coisa mudou, que os casos diminuíram e que as crianças têm essa noção. Quando acontece alguma coisa, eles mesmos já dizem: 'Olha, cuidado que você também é responsável por isso'".  

Já a Assessora de Educação da EEB Rudolfo Luzina, Suzana Rovadoscki, destacou como o projeto abriu espaço para discussões importantes: "Após a dinâmica, nós percebemos que os nossos alunos começaram a parar e refletir. 'Será que é isso mesmo que eu quero fazer? Será que eu gostaria que fizessem isso comigo? Como vai ser a consequência na vida desse meu colega e na minha vida também?'", disse.   

A forma como o tema foi abordado, por meio de um quiz, é inédita no âmbito do Ministério Público e foi aprovada pelos estudantes. Amanda Giachini Arisa, de 14 anos, afirmou que "mudou muito a forma de pensar, porque eles nos mostraram muito sobre o impacto que o bullying causa e o que essas situações, essas falas, essas atitudes podem trazer para a vida de uma pessoa".   

"Antes eu percebi que várias pessoas chamavam as pessoas de nome, essas coisas. Depois dessa palestra, elas entenderam que isso não era nada legal", contou Ana Luíza Salvatori, de 10 anos. 


 E para quem ainda pratica bullying, fica o recado:

"Se colocar no lugar do outro, porque a pessoa que está sofrendo está se sentindo muito mal no vínculo da escola." - Ana Luíza Salvatori  

"Você pode falar também com pessoas que já passaram com o bullying ou pessoas que ainda praticam e conseguiram parar com isso, porque conseguiram. Não é algo legal e pode prejudicar muitas pessoas." - Amanda Giachini Arisa  

"Essa é uma coisa muito ruim de se fazer e a gente não pode ficar praticando, porque afeta muito a pessoa. Tem gente que tem ansiedade, depressão por causa disso, não gosta de si mesmo por causa do bullying que as pessoas fazem." - Geórgia Ceratto Rossoni   

"Eu acho que o bullying fala muito mais sobre a pessoa que pratica do que sobre a pessoa que sofre, então, se você precisa de ajuda em algum aspecto, alguma coisa, procure ajuda, tente não jogar nas costas do coleguinha. O coleguinha não te fez nada e você precisa tratar disso sozinho." - Suelen Soares de Souza 

Prêmio José Daura

O projeto está entre os cinco finalistas do Prêmio José Daura, que reconhece práticas inovadoras no MPSC. O prêmio homenageia José Daura, ex-Procurador-Geral de Justiça e Promotor responsável por casos emblemáticos, como o linchamento ocorrido em Chapecó em 1950. A cerimônia de premiação está prevista para 12 de dezembro, durante as comemorações pelo Dia do Ministério Público.