Quase 20 horas de júri popular sob um forte esquema de segurança no Fórum da Comarca de Criciúma e todas as teses do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) acolhidas pelos jurados.
Foi assim que se encerrou, na madrugada desta sexta-feira (15/9), a sessão do Tribunal do Júri que levou ao banco dos réus três integrantes de uma facção criminosa do Rio Grande do Sul (RS) acusados de envolvimento no homicídio de um homem de 39 anos em Passo de Torres, no Extremo Sul Catarinense. O executor, o mandante e o intermediador da ação criminosa foram condenados a 16, 14 e 12 anos de prisão, respectivamente.
A vítima, que morava no RS, foi assassinada por vingança, pois teria matado um homem da facção criminosa à qual os acusados também pertenciam, após uma briga em um bar de sua propriedade na cidade de Vera Cruz (RS). O estabelecimento chegou a ser incendiado. Jurado de morte pelo crime organizado, ele teria, então, fugido com a família para Balneário Gaivota, em solo catarinense. No início da madrugada de 4 de junho de 2020, por volta de 1h, a vítima foi surpreendida em casa por um criminoso armado e encapuzado, que chegou a dizer que era "a polícia".
Segundo a denúncia do MPSC, ele dormia com a mulher e os filhos pequenos quando acordou com o barulho da porta sendo arrombada. Em seguida, sob a mira de uma arma de fogo, foi rendido e retirado à força do interior da residência. Foi obrigado a entrar em um veículo e jogado às margens da BR-101 no município de Passo de Torres, divisa com o RS.
A vítima tentou correr, mas caiu ao ser atingida pelo primeiro disparo. Já ao chão, foi alvejada com vários tiros, até que o executor descarregasse a arma. O autor direto do crime foi até o veículo, trocou o carregador e seguiu atirando. Para se certificar da morte, chutou a vítima, constatando, assim, que ela não se mexia e, então, retornou para casa, no estado vizinho.
Com o sumiço do marido desde aquela madrugada, registrou-se um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento. O corpo do homem assassinado foi localizado por trabalhadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que faziam a conservação no entorno da rodovia federal, somente dez dias depois, já em estado avançado de decomposição.