Após a Polícia Civil levantar fortes indícios de que uma morte inicialmente registrada como suicídio seria, na verdade, um caso de feminicídio, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) manifestou-se pela prisão preventiva do suspeito - o companheiro da vítima - e foi atendido pelo Juízo da Comarca de Palmitos, no Oeste catarinense. O investigado foi preso na manhã desta sexta-feira (28/1).

As autoridades policiais haviam requerido a prisão temporária do investigado, mas o Promotor de Justiça José Orlando Lara Dias entendeu que a preventiva é a medida mais conveniente para a instrução penal, além de garantir a ordem pública, e é adequada ao caso, pois se trata de um suposto crime de feminicídio - em que a pena é de reclusão.

A Promotoria de Justiça, ainda, manifestou-se favorável a outras medidas solicitadas pela Polícia Civil para dar continuidade às investigações e aprofundá-las, como os mandados de busca e apreensão na residência onde vivia o casal e a quebra do sigilo dos celulares do suspeito e da vítima.

O suposto feminicídio ocorreu na noite de 13 de janeiro, em um camping na localidade de Ilha Redonda, no interior do município de Palmitos, onde o suspeito e a companheira dele trabalhavam como caseiros. Naquela ocasião, o investigado comunicou a Polícia Militar sobre o desaparecimento da sua companheira após, segundo ele, a mulher ter seguido em direção ao Rio Uruguai dizendo estar disposta a tirar a própria vida. O caseiro afirmou que não havia levado a ameaça a sério, pois não seria a primeira vez que a companheira teria anunciado a sua intenção de cometer suicídio, devido a uma suposta depressão que teria sido causada pela morte da filha dela, cerca de um ano antes.

Com a ajuda dos policiais militares, o corpo da vítima foi encontrado na margem do rio, onde ela, a princípio, teria morrido afogada. A perícia no cadáver não conseguiu comprovar que o afogamento foi a causa da morte, mas encontrou ferimentos na cabeça e nas mãos indicando que a mulher havia sido agredida com violência e tentado se defender, sem sucesso, antes de ter sido, provavelmente, arrastada desacordada ao local em que teria sido jogada ao rio pelo companheiro.

As investigações policiais levantaram vários indícios de que a mulher teria sido vítima de feminicídio - como testemunhos de conhecidos do casal sobre episódios de violência doméstica - e de que o suspeito teria tentado simular o suicídio.

Com a prisão preventiva decretada e o suspeito já preso, o inquérito policial seguirá o seu curso e, quando concluído, será entregue à análise do Ministério Público, que poderá oferecer a denúncia à Justiça ou pedir novas diligências para instruir o processo penal.