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"Boas práticas em saúde mental de adolescentes e pessoas idosas: cultura e laço social" foi o tema do segundo dos três eventos on-line alusivos ao Setembro Amarelo promovidos pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Neste ano, com a temática "Distantes, mas juntos", os encontros debatem, além do cuidado com a saúde mental, medidas preventivas em tempos de pandemia. O seminário virtual foi promovido nesta segunda-feira (14/9) e transmitido pelo canal do MPSC no YouTube.

Para mostrar que é possível criar boas práticas e manter relações mesmo a distância, usando disposição e criatividade, os convidados desta edição apresentaram as experiências dos projetos "Tamo Junto" e "Quarentena no NETI". Participaram do evento, mediado pela Promotora de Justiça Lia Nara Dalmutt, o psicólogo e coordenador do projeto Rede de Atendimento à Infância e Adolescência (RAIA), Murilo Cavagnoli, a enfermeira e coordenadora do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI/UFSC), Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da Costa, a especialista em Alfabetização e Psicopedagogia Margarete Leopoldo de Mello e Manolo Kottwitz, professor, artista e produtor cultural da Secretaria de Cultura de Chapecó.

O psicólogo Murilo Cavagnoli contou a experiência vivida em Chapecó, onde há um cenário de ampliação de riscos de vulnerabilidade em função da pandemia. "Verificamos a emergência de situações problemáticas muito mais ligadas a situações econômicas, vulnerabilidades familiares e na organização social do que necessariamente a emergência de transtornos mentais. Isso é um dado muito significativo, que mostra que 2% a 3% da população desenvolverá novos transtornos mentais durante uma situação como a vivenciada na pandemia", afirmou.

Cavagnoli ainda explicou que a ruptura de vínculos sociais e o desligamento do fluxo das experiências cotidianas acaba produzindo uma série de dificuldades para as pessoas. Neste contexto, o programa Tamo Junto produz estratégia de apoio específico que gera acolhimento, fortalecimento de laços comunitário e promoção das redes, por meio da oferta de atendimentos on-line em saúde, assistência social, educação e cultura para famílias em situação de vulnerabilidade social.  Durante a pandemia, os encontros são realizados por meio do aplicativo Google Meet.  Aulas e atividades gravadas também são colocadas à disposição de toda a comunidade. 

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"O contexto do isolamento social nas comunidades com alto nível de vulnerabilidade faz com que acabem atravessando situações intensas e que essa potência de existir seja reduzida. Com isso, temos o agravamento de uma série de questões, chegando em alguns casos ao suicídio", complementou Manolo Kottwitz, professor, artista e produtor cultural da Secretaria de Cultura de Chapecó. Parceiro também no desenvolvimento do programa Tamo Junto, Kottwtz explica que, por meio do projeto, problematizam-se as situações que separam a vida do que ela pode ser. "Um corpo-mente com saúde é um corpo que pode mais, que tem melhores condições de agir e produzir a si próprio", pontua.

A coordenadora do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) e professora da UFSC Maria Fernanda da Costa apresentou o programa Quarentena. Por meio de contato virtual, o objetivo do programa é manter o vínculo com os estudantes - distribuídos em 29 grupos de WhatsApp - durante o período de isolamento e desenvolver ações de promoção da saúde. "Acreditamos que o idoso acumula conhecimento durante toda a sua vida e que pode acumular conhecimento aos anos que ainda virão. Ele pode a todo momento aprender, como um processo de educação permanente", considerou Maria Fernanda, que ressaltou o impacto que o distanciamento social tem causado principalmente na vida dos idosos. 

"Precisamos buscar estratégias para esse cuidado psíquico e uma manutenção de uma rede socioafetiva com os familiares, amigos e profissionais da saúde. Estudos apontam que as redes sociais digitais auxiliam o idoso a não se sentir isolado do mundo exterior", argumentou a coordenadora do NETI. Segundo dados do Ministério da Saúde, houve uma alta na taxa de suicídio em idosos com mais de 70 anos. "Esse é um fato bastante preocupante. Devemos estar a todo tempo observando qualquer mudança no comportamento do idoso e considerar tudo o que falam ou argumentam. Outra questão é se apresenta desinteresse das atividades de que antes gostava. É importante sempre estar próximo do idoso e oferecer ajuda. Com relação ao suicídio, é fundamental conversar e mostrar que ele não está sozinho", enfatizou.

A aluna do NETI Margarete de Mello também participou do debate e contou como o programa Quarentena contribui em sua saúde física, mental e na aquisição de conhecimentos. "Toda crise traz oportunidades de aprendizado. Quando iríamos imaginar que viveríamos tudo isso? Hoje os idosos estão dominando as plataformas de videoconferência, aulas on-line, muita coisa interessante está acontecendo durante esse período de afastamento social", contextualizou. No atual cenário de pandemia, para ela o mais importante é que todos tenham o sentimento de resiliência. "Vivemos o luto da separação dos queridos familiares, por isso tudo a importância de programas que apoiam os idosos". Margarete, que também é contadora de histórias, finalizou sua fala com o conto da menina Mila, que precisava cultivar mais o amor e, assim, evitar sentimentos negativos que podem levar à depressão e até ao suicídio. 

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Assista à transmissão na íntegra no vídeo abaixo.

Além deste evento, por meio de mais um seminário virtual no dia 23 de setembro com o tema "Acolhida e manejo do sofrimento de crianças e adolescentes na escola" e de ações nas mídias sociais, o MPSC continua durante o mês apresentando orientações de saúde física e mental por meio da abordagem de um dos paradoxos da pandemia: cultivar a proximidade e o cuidado diante da necessidade da distância. Desde 2014, setembro é considerado o mês de referência para campanhas de conscientização e prevenção ao suicídio. No MPSC, instituição que atua na defesa dos interesses da coletividade e na indução de políticas públicas, o Setembro Amarelo é pauta de um grande evento anual desde 2015.

Em 2020, a necessidade de discussão sobre essa doença, que registra no mundo uma morte a cada 40 segundos, cresce ainda mais. Com o confinamento, a distância de amigos e parentes, o luto das perdas e o intenso fluxo de informações diárias, manter a saúde mental tem se tornado um desafio cada vez maior.

A ideia é aprofundar e ampliar o alcance das discussões e estratégias de cuidado em saúde mental e prevenção ao suicídio, divulgando informações sobre autocuidado, rede de proteção e boas práticas que promovem saúde e previnem agravos do sofrimento, sobretudo em tempos de pandemia e pós-pandemia. Participe! Os eventos são gratuitos e abertos ao público, com transmissão por meio do canal do MPSC no YouTube.

O seminário que inaugurou a série de eventos virtuais do MPSC tratou do tema "O cuidado em saúde mental: orientações aos profissionais e trabalho articulado entre políticas públicas" e pode ser conferido na íntegra aqui. 

Ofereça e procure ajuda

Oferecer atenção e acolhimento e estar disponível para conversas sem julgamentos podem parecer pequenos atos, mas, na verdade, são ações que fazem muita diferença na vida de alguém que passa por momentos difíceis. Por isso, se você puder, esteja atento e ofereça carinho às pessoas ao seu redor, mesmo que remotamente.

Se você sente que necessita de suporte emocional para si ou se conhece alguém que dê sinais de que precisa de mais ajuda, entre em contato ou indique o Centro de Valorização da Vida (CVV). O CVV é uma iniciativa gratuita que funciona 24 horas oferecendo apoio emocional especializado. Ele pode ser contatado por chat no site, por e-mail ou pelo número 188.

Você pode também buscar orientação junto a um profissional de saúde ou alguém de sua confiança. Não isole seu sofrimento!

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