O julgamento de três integrantes de uma facção criminosa denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pelo homicídio de duas pessoas, contrariando a previsão inicial de dois dias de duração, deve ser concluído ainda nesta quarta-feira (24/7). As duas vítimas receberam golpes de faca e foram queimadas ainda vivas.
No decorrer do dia, foram ouvidas três testemunhas de acusação, duas de defesa e interrogados os três réus - Luciano e Silva, Deivid Henrique Mariano e Evandro de Lima Soares. Às 18h o Promotor de Justiça Alexandre Carrinho Muniz concluiu a sustentação oral, na qual atribuiu aos três acusados a autoria dos crimes de homicídio, sequestro, ocultação e vilipêndio de cadáver, corrupção de menores e organização criminosa. Segundo o Promotor de Justiça, os crimes foram motivados pelo fato de os réus, integrantes de uma organização criminosa, suspeitarem da lealdade das vítimas.
Depois do Promotor de Justiça, os advogados dos réus iniciaram a sustentação da defesa, com tempo limite de duas horas. Em seguida, é aberto espaço para réplica e tréplica e só depois de concluídas as manifestações os jurados se dirigem a uma sala secreta para a votação, após a qual o Juiz do Tribunal do Júri profere a sentença.
Outros dois réus já foram julgados pela participação nos crimes e condenados a 71 e 47 anos de prisão em regime inicial fechado. Os crimes hediondos tiveram também a participação de ao menos dois adolescentes.
Como foi o crime
A denúncia ajuizada pela 8ª Promotoria de Justiça da Comarca de Palhoça relata que Rudimar e Thuane auxiliavam Deivid Henrique Mariano no tráfico de drogas. Na noite do dia 19 de novembro de 2017, o casal foi abordado pela polícia e em seguida liberado, pois não tinham nada ilícito em seu poder.
Deivid e Sidnei Valmir Silveira de Melo, que ocupam o cargo de "disciplina" da facção criminosa, desconfiaram, devido à rápida liberação, que o casal havia delatado as atividades ilícitas da facção. Além disso, Rudimar e Thuane supostamente teriam "curtido" uma foto na rede social de um componente de facção rival, o que desagradou os acusados e, por isso, decidiram ceifar a vida das vítimas.
Foi então que, com auxílio de Maicon Franca Taube, Luciano e Silva e Evandro de Lima Soares deram início ao sequestro e homicídio de Rudimar e Thuane. Na mesma noite Rudimar e Thuane foram inicialmente levados à casa de Sidnei e depois, transferidos à casa de Deivid, onde foram severamente interrogados, submetidos a intenso sofrimento. O interrogatório foi gravado para servir de base para o julgamento pelos demais integrantes da facção criminosa.
Na noite seguinte, após ordem das lideranças da facção, Rudimar foi levado até um terreno baldio no Bairro Aririú, em Palhoça, onde foi atingido por diversos golpes de facão e, em seguida, queimado ainda vivo. Thuane foi levada até uma estrada isolada no Município de Águas Mornas e morta da mesma forma. Depois, os autores fizeram vídeos com os cadáveres comemorando as execuções. (Ação n. 0007498-76.2017.8.24.0045)